Mostra de Fábio Magalhães propõe um olhar para além do que se vê
Na exposição Além do Visível, Aquém da Intangível, o artista baiano traz para a Caixa Cultural sua produção artística mais significativa
Distorções da realidade e contornos perturbadores. O artista plástico baiano Fábio Magalhães (Tanque Novo, BA) vale-se destes recursos para propor um olhar que adentra para além da imagem que se vê. O resultado: uma verdadeira imersão imaginária para outros planos. Após temporada de sucesso em São Paulo, a Caixa Cultural Brasília (Setor Bancário Sul Qd 04) vai receber, de 14 de março a 27 de maio, 23 trabalhos de óleo sobre tela em grandes formatos de Magalhães. A exposiçãoAlém do Visível, Aquém do Intangível reúne a produção artística mais significativa do artista, desenvolvida entre 2007 e 2017.
O evento de abertura na capital federal, no dia 13 de março, conta com lançamento de um mini-catálogo que reúne obras de Fábio produzidas ao longo destes 10 anos e uma visita guiada pelo próprio Magalhães. A mostra tem curadoria de AlejandraMuñoz e é patrocinada pela Caixa Econômica Federal. A entrada é franca.
Além do Visível, Aquém do Intangível é distribuída em cinco séries: O Grande Corpo, Retratos Íntimos, Superfícies do Intangível, Latências Atrozes e Limites do Introspecto.
Dentro de Latência Atrozes, ele apresenta obras como “A Certeza é a Prova da Dúvida”, “Cofres para Instintos Primitivos”, “ Em Tempos de Incertezas o Devaneio é a Via de Fuga”., “O Devaneio é a Via de Fuga”. “Derme do Ímpeto”, dentre outras. Já na série Superfície do Intangível, “Afago” e “Encontro Impossível” são destaques do seu trabalho. Ainda, obras como “Dos Lugares Que me Prendem” questionam o que realmente nos prende nos dias de hoje.
O trabalho de Fábio Magalhães surge de metáforas criadas a partir de pulsões, das condições psíquicas e substratos de um imaginário pessoal, até chegar a um estado de imagem/corpo. Os resultados são obtidos por meio de artifícios que nascem de um modus operandi que parte de um ato fotográfico e materializa-se em pintura.
O artista apresenta encenações meticulosamente planejadas, capazes de borrar os limites da percepção, configuradas em distorções da realidade e contornos perturbadores.A produção artística contemporânea vem enfrentando desafios numa época em que o excesso de imagens nos faz pensar: para que mais uma? Contudo, Magalhães questiona aquilo que se encontra na superfície da tela, a imagem. Para ele, trata-se de uma superfície permeável, onde poderíamos atravessar e encontrar outros lugares, outras imagens que só existem em nossa imaginação. As mesmas podem ser entendidas como portais que nos conduzem a outras realidades e nos fazem pensar a condição de alteridade.
Neste jogo, o artista convida o espectador a “ver” o que está além das imagens produzidas por ele, nas quais figuram cenas realistas que colocam em xeque a própria realidade. Um convite para “além do visível”.
Pintura como questionamento
A opção é pela pintura. Para o artista, esta escolha se justifica por ser tratar de uma produção que questiona o ser e a condição do humano. Por isto, Magalhães optou por construir metáforas visuais que buscam discutir o Eu e o Outro. A alteridade é uma das premissas que se instaura em seu modo de fazer arte. Vivências e memórias funcionam como ativadores criativos, reunindo imaginário, fabulações e subjetividades. Usando a técnica de óleo sobre tela, ele estabelece relações e interações entre a tradição e a contemporaneidade, presentes no seu modo de fazer e pensar a arte hoje.
“A pintura de Fábio Magalhães se constitui nesse lugar inquietante entre o visível, reconhecível e familiar e o inefável e intangível”, comenta a curadora AlejandraMuñoz.Segundo ela, a importância dessa mostra é dar visibilidade à produção de um jovem artista baiano, que vem se destacando no cenário nacional com uma pintura contemporânea. O projeto tem valor significativo na carreira de Fábio Magalhães. Em 2017, ele completou 10 anos de intensa atividade, tendo a pintura como principal plataforma de atuação artística.
Além do Visível, Aquém do Intangível traz uma proposta de desterritorialização das diretrizes que definiam a produção artística do passado e coloca a pintura em outro lugar de potência, onde o artista estabelece suas próprias regras, construídas para dar visibilidade aos substratos de um imaginário pessoal, atravessados por procedimentos fotográficos, simulações de cenas e o próprio ato de pintar.
O deslocamento aqui é entendido em múltiplos aspectos, seja pela presença da pintura na atualidade, seja pela escolha de temas que se encontram transitando ente condições psíquicas, devaneios e relações humanas possíveis.
Sobre o artista
Fábio Magalhães (Tanque Novo, BA, 1982) vive e trabalha em Salvador. Ao longo da carreira, realizou exposições individuais, a primeira em 2008, na Galeria de Arte da Aliança Francesa, em Salvador. Na sequência, Jogos de Significados (2009), na Galeria do Conselho, O Grande Corpo (2011), Prêmio Matilde Mattos/FUNCEB, na Galeria do Conselho, ambas em Salvador; e Retratos Íntimos (2013), na Galeria Laura Marsiaj, no Riode Janeiro. Foi selecionado para o projeto Rumos Itaú Cultural 2011/2013. Entre as mostras coletivas estão: Convite à Viagem – Rumos Artes Visuais, com curadoria do Agnaldo Farias, no Itaú Cultural, em São Paulo; O Fio do Abismo – Rumos Artes Visuais, com curadoria de Gabriela Motta, em Belém/PA; Territórios, com curadoria do Bitu Cassundé, na SalaFunarte, em Recife/PE; Espelho Refletido, com curadoria do Marcus Lontra, no Centro Cultural Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro/RJ; Paraconsistente, com curadoria de AlejandraMuñoz, no ICBA, em Salvador/BA; 60º Salão de Abril, em Fortaleza/CE; 63º SalãoParanaense, em Curitiba/PR; XV Salão da Bahia, em Salvador; e I Bienal do Triângulo, em Uberlândia/MG, entre outras. Entre os prêmios que recebeu destaque para Prêmio FUNARTE Arte Contemporânea – Sala Nordeste; Prêmio Aquisição e Prêmio Júri Popular no I Salão Semear de Arte Contemporânea em Aracaju/SE; Prêmio Fundação Cultural do Estado, em Vitória da Conquista/BA, e Menção Especial em Jequié/BA.
Sobre a curadora
Alejandra Hernández Muñoz (Montevideu/Uruguai, 1966), reside em Salvador, desde 1992. É arquiteta, mestre em Desenho Urbano e doutora em Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (FAU/UFBA). Professora permanente de História da Arte da Escola de Belas Artes (EBA/UFBA), ela desenvolve trabalhos de crítica das Artes e Arquitetura e participa de júris e comitês de seleção artística. Foi curadora de diversas mostras como Saccharum-BA (ICBA e MAM-BA, Salvador), Genaro de Carvalho (MAB, Salvador), Mestres da Tapeçaria Moderna (Galeria Passado Composto Século XX, São Paulo), Circuito das Artes (quatro edições, Salvador), Triangulações (três edições, Salvador, Recife, Brasília, Maceió e Belém) e Boju-Boju (Galeria Cañizares, Salvador). Integrou as equipes curatoriais do Programa Rumos Artes Visuais 2011-2013 do Instituto Itaú Cultural (São Paulo) e da 3ª Bienal da Bahia 2014 (Salvador).
Serviço
Exposição: Além do Visível, Aquém do Intangível
Abertura: 13 de março de 2018, às 19h, com visita guiada pelo artista Fábio Magalhães
De 14 de março a 27 de maio
Local: Galeria Vitrine da Caixa Cultural Brasília (Setor Bancário Sul Qd 04)
Horário de visitação: terça-feira a domingo, das 9h às 21h
Informações: 3206-9448
Entrada franca
Não recomendado para menos de 14 anos