A Síndrome de Down é o resultado de uma condição genética singular. Normalmente, os seres humanos possuem 46 cromossomos em cada célula. A pessoa com Síndrome de Down tem 47 cromossomos como uma consequência da trissomia do par 21.
A palavra Síndrome se explica pela razão de carregar em si um conjunto de características que acompanham a pessoa ao longo de sua vida e “Down” foi um termo escolhido em homenagem ao homem que evidenciou e descreveu essa alteração genética, o médico britânico John Langdon Haydon Down.
A Síndrome de Down não é uma doença, é bom que se diga. As pessoas com Down possuem direitos sociais e a possibilidade de realizar todas as atividades humanas, inclusive a atividade de caráter musical. É sabido que, ainda na gestação, todos os seres humanos, inclusive os com Down, passam a interagir com os sons fisiológicos internos (orgânicos) e os sons externos ao corpo da mãe. Em determinado período do desenvolvimento do feto, começa-se a perceber a voz dos pais e familiares, os batimentos cardíacos, os sons articulares, o ritmo da respiração, a música que é tocada em casa, na rua, etc. Isso tudo está presente de alguma forma na vivência intrauterina de bebês, tendo eles Down ou não.
O contato com o mundo sonoro e musical devem permanecer após o nascimento com o acompanhamento de profissionais da saúde e da educação capacitados, seja no âmbito da musicoterapia que compreende a atividade musical enquanto ação terapêutica ou no contexto da educação musical que entende a atividade musical como ato educativo. O que há de semelhante entre uma área e outra é o trabalho com a música enquanto ferramenta de desenvolvimento da musicalidade e a tudo o que a ela está envolvido: a psicomotricidade, as emoções, as relações sociais, a imaginação, a criação, a atenção, a percepção e a memória global e musical.
Nesse sentido, a pessoa com Down, em meio a atividade musical, que se expressa no próprio corpo e/ou no toque de algum instrumento musical convencional ou não, pode se desenvolver artisticamente e educar a sua própria musicalidade em uma perspectiva social de educação estética inclusiva e integral do ser humano.
Texto por Augusto Charan, professor do curso de Pedagogia da Estácio, músico e Doutor em Educação.