Com acompanhamento personalizado, conheça ainda exemplos de atividades que estimulem a independência, a criatividade e o pensamento crítico dessas crianças
Não é raro sermos surpreendidos com algum mini gênio. Nesta semana, o pequeno Daniel Mascarenhas da Silva, de apenas 2 anos e 10 meses, viralizou ao falar três idiomas: inglês, russo e coreano. Ao G1, a mãe do menino contou que ele aprendeu a ler e escrever em português ainda no seu primeiro ano de vida. Mas porque será que isso acontece? Especialistas esclarecem essas e outras questões sobre altas habilidades ou superdotação.
Essa teoria é analisada em três campos: 1. habilidade intelectual superior (capacidade de aprendizado e raciocínio acima do esperado para a sua faixa etária); 2. comprometimento com a tarefa (interesse profundo e persistente em tópicos de seu interesse, com foco satisfatório mantido por longos períodos, especialmente em áreas de interesse e 3. criatividade, demonstrada através de ideias inovadoras e soluções originais para problemas. “Do ponto de vista emocional, pessoas superdotadas podem ter um senso de justiça acentuado, vivenciar de forma mais intensa suas emoções e guardarem elevado nível de exigência em relação a si”, adiciona Camila Ferrari.
A especialista da Clínica Neurodesenvolvendo, destaca que a identificação de indivíduos com AHSD geralmente envolve uma avaliação neuropsicológica bem conduzida, aliada a observação dos familiares, escola e equipe de saúde assistente. “Esta avaliação integrada possibilita a distinção desta condição de outras relacionadas ao neurodesenvolvimento, como o TDAH, TEA ou transtornos de aprendizagem”, pontua.
Diagnóstico
Luciana Melo Dias, Diretora de Formação Integral da unidade Lago Sul do Colégio Everest, também explica que a indicação para a avaliação neuropsicológica de alunos com altas habilidades pode ser feita com base em vários sinais observados dentro da sala de aula. Esses sinais podem variar, mas geralmente incluem:
- Desempenho Acadêmico: alunos com altas habilidades muitas vezes demonstram um desempenho acadêmico excepcional em uma ou mais áreas, frequentemente ultrapassando os colegas de mesma idade.
- Aprendizado Rápido: esses alunos costumam aprender novos conceitos rapidamente e com menos repetição em comparação com seus colegas.
- Curiosidade e Interesse: mostram uma curiosidade intensa e um interesse profundo em temas específicos, frequentemente fazendo perguntas avançadas e buscando informações adicionais por conta própria.
- Pensamento Crítico e Criativo: demonstram habilidades de pensamento crítico e criativo, sendo capazes de resolver problemas de maneira inovadora e original.
- Independência: muitas vezes preferem trabalhar de forma independente, têm autossuficiência na busca por soluções e podem apresentar liderança em atividades de grupo.
- Capacidade de Foco e Concentração: podem se concentrar profundamente em áreas de interesse por longos períodos, mostrando um nível de dedicação incomum para sua faixa etária.
- Vocabulário Avançado: possuem um vocabulário rico e complexo para a idade, bem como habilidades verbais avançadas.
- Sensibilidade Emocional e Social: alguns alunos com altas habilidades podem mostrar uma sensibilidade emocional acentuada ou preocupações com questões éticas e de justiça. Além de apresentarem comportamentos desafiadores e questionadores.
- Desinteresse e desestimulação em atividades para a faixa etária: atividades para a faixa etária são rejeitadas e a criança demonstra desinteresse e insatisfação.
Por isso, conforme Dias, o aprendizado dessas crianças precisa ser individualizado para atender a necessidades específicas. “Individualizar o ensino para alunos com altas habilidades é crucial para manter seu engajamento, promover o desenvolvimento contínuo e evitar problemas como desmotivação, frustração e isolamento social”, aponta.
Já Anne Nerosky, Orientadora de Formação Integral também da unidade Lago Sul do Colégio Everest, acrescenta que para atender às necessidades de alunos com altas habilidades, é importante usar métodos e estratégias que desafiem e estimulem seu potencial, atendendo de forma personalizada cada criança de acordo com suas habilidades, características, individualidades, necessidades e área de interesse. “Alguns métodos e estratégias incluem enriquecimento curricular, plano de ensino individualizado (PEI), agrupamento por habilidades, projeto individual na sala de recursos para aprendizagem independente com acompanhamento personalizado, uso de tecnologias, tutoria e mentoria, atendendo e revisando sempre os métodos e estratégias para cada aluno dentro de seus interesses e necessidades”, exemplifica.
Nerosky comenta que essas estratégias ajudam a garantir que alunos com altas habilidades sejam constantemente desafiados e engajados, permitindo que desenvolvam plenamente seu potencial. Além dos métodos mencionados, alguns outros aspectos e estratégias podem ser considerados para reforçar o processo de aprendizagem de crianças com altas habilidades, como: a avaliação contínua e diagnóstica, o ambiente de apoio emocional, o estímulo à criatividade, a flexibilidade no currículo, o estabelecimento de metas, a promoção da aprendizagem social, programas de estudo avançado, e ainda, o envolvimento da família.
Segundo Luciana Dias é importante incorporar atividades que incentivem a criatividade e o pensamento crítico, como resolução de problemas complexos, projetos artísticos, e atividades de brainstorming. A diretora de formação também destaca o envolvimento da família. “É preciso que a família esteja dentro do processo educacional, para isso, escola e especialistas devem fornecer informações e recursos para apoiar o desenvolvimento do aluno em casa pensando sempre em sua formação integral”, conclui.