terça-feira, setembro 16

IG do mel do Vale do Paraíba: conquista que une produtores, pesquisa e qualidade

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Por meio de ações estratégicas da Secretaria de Agricultura, produtores, entidades privadas e de ensino, SP recebe a 10ª Indicação Geográfica

O Vale do Paraíba é destaque em diversas cadeias produtivas do agro paulista e recebeu, em agosto deste ano, a Indicação Geográfica (IG) do Mel. O reconhecimento, que já é o 10º do estado de São Paulo, visa promover ainda mais o setor de apicultura e meliponicultura nos 35 municípios pertencentes à região.

Para a produtora e presidente da Câmara Setorial dos Produtos Apícolas do Estado de São Paulo, Vanilda Santos, da fazenda Monte Benedicti, localizada no município de Taubaté, no interior de SP, este marco só foi possível através de ações conjuntas de representantes e produtores regionais. “Mais que uma certificação, é uma conquista coletiva que reflete o esforço de toda a cadeia produtiva e consolida o mel da nossa região como um patrimônio de qualidade, tradição e orgulho para todos os produtores”, comemorou a produtora.

Com mais de 20 anos de experiência na apicultura, a produtora paulista, que vem da agricultura familiar, destaca-se pela produção anual de 3,5 toneladas de mel. Sua atividade é baseada no compromisso com a sustentabilidade, reconhecendo a importância das abelhas para a preservação da vida e o equilíbrio dos ecossistemas.

“Em nossos rótulos, estampamos a flor da grumixama (Eugenia brasiliensis), espécie nativa da Mata Atlântica que valoriza nossa biodiversidade e também homenageia minha sogra, Maria Eugênia. Assim, a marca não é apenas um nome: é a representação de nossa identidade, da força feminina que nos inspira e do respeito profundo à natureza que nos sustenta”, ressaltou a produtora.]

A fazenda Monte Benedicti destaca-se pela produção anual de 3,5 toneladas de mel

A fazenda Monte Benedicti destaca-se pela produção anual de 3,5 toneladas de mel

Do município de Taubaté para Tremembé, o produtor Antônio Carlos Dionísio, mais conhecido como Tavinho, 53 anos, junto com o seu pai Otávio Dionísio, 83 anos, ambos se dedicam, exclusivamente, à apicultura na região e comemoram o reconhecimento da produção da região. O empreendimento familiar envolve três apiários físicos e uma loja de venda direta de produtos apícolas, conhecido como Apiário Brasil. “Hoje, empregamos sete integrantes da família, em diversas funções ligadas ao processo de manejo, colheita e comercialização”, disse o produtor.

Antônio está se estruturando para obter o SISP Artesanal, concedido pela Defesa Agropecuária, além da certificação por parte da Associação NUTRIR, que será responsável pela gestão do IG do mel do Vale do Paraíba. “Temos 100% de condições de usar o selo assim que ele for estruturado de acordo com o Conselho Regulador que está sendo criado, nossa expectativa é que este selo do IG represente o merecido reconhecimento da apicultura de nossa região, pois temos um produto diferenciado e de alta qualidade”, concluiu Tavinho.

Da esquerda para direita, os produtores:Tavinho, junto com o seu pai Otávio Dionísio

Da esquerda para direita, os produtores: Tavinho, junto com o seu pai Otávio Dionísio

Apoio aos produtores

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo (SAA), por meio de ações da CATI Regional de Pindamonhangaba e da Defesa Agropecuária, foi uma das principais instituições responsáveis para obtenção da Indicação Geográfica do Mel, junto com o Sebrae de São José dos Campos e a Universidade de Taubaté (Unitau). Inicialmente, com o reconhecimento do Arranjo Produtivo Local (APL), em 2013, hoje denominado Cadeia Produtiva Local (CPL).

“Em atendimento às exigências dos órgãos que concedem a Indicação Geográfica, a CATI Regional Pindamonhangaba participou, junto com os demais parceiros do CPL, da elaboração dos documentos que comprovam essa condição. Desde o início do processo, quando era necessário mostrar a relevância de um arranjo produtivo local do mel, estivemos engajados em reuniões e iniciativas coletivas, contribuindo com orientações e capacitações que vão da gestão e do associativismo a aspectos técnicos da apicultura”, destacou o chefe de divisão da CATI Regional Pindamonhangaba, Haley Silva de Carvalho.

Outro órgão essencial da SAA que atua diretamente com a cadeia do mel é a Defesa Agropecuária, responsável pela inspeção sanitária e pela qualidade dos produtos apícolas. Entre suas atribuições estão a fiscalização da sanidade das colmeias para assegurar que o mel comercializado esteja em conformidade com os padrões de segurança alimentar, além do incentivo à obtenção de selos de inspeção que valorizam os produtos artesanais. Caso tenham solicitado o selo ARTE, por exemplo, os produtores podem comercializar em todo o território nacional.

“O selo SISP Artesanal é um divisor de águas em nossa trajetória. Tivemos o privilégio de participar ativamente da construção da lei, do decreto e da norma junto à Defesa Agropecuária, representando a cadeia apícola. Esse selo reduz burocracias, mas mantém a excelência dos padrões de inspeção, garantindo ao consumidor um produto seguro, de qualidade e com procedência reconhecida. Para nós, produtores, ele significa credibilidade, fortalecimento e a possibilidade de conquistar novos mercados”, disse Vanilda Santos.

O Estado de São Paulo, principal consumidor de produtos apícolas e o quarto maior produtor do País, conta com pouco mais de cinco mil propriedades dedicadas à apicultura e meliponicultura, que juntas, produzem cerca de 5,4 mil toneladas de mel por ano.

Com foco também no ecossistema, vale destacar que desde meados de 2006, os pesquisadores alertam para o declínio das abelhas e o impacto do sumiço desses polinizadores para todo o ecossistema. O Instituto Biológico (IB – Apta) tem contribuído para o avanço do conhecimento nessa área, por meio de estudos conduzidos com participação de diversas instituições científicas do Brasil e do exterior.

Os trabalhos são desenvolvidos no Laboratório Especializado em Sanidade Apícola (LASA) do IB localizado em Pindamonhangaba, interior paulista. Este é o único do país na área e realiza diagnóstico de vírus, fungos, bactérias e parasitas que acometem as abelhas Apis mellifera africanizadas e também as abelhas nativas sem ferrão, que totalizam 60 espécies no estado.

A Indicação Geográfica do mel do Vale do Paraíba, além de valorizar os produtores locais, fortalece a imagem do agro paulista e consolida a região como referência nacional em qualidade e sustentabilidade.

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Gaúcho de nascimento, brasiliense de coração. Economista, 26 anos, amante de viagens e gastronomia. Instagram: @davirezende__

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