Pouca gente sabe, mas a arritmia cardíaca acomete mais de 20 milhões de brasileiros e é responsável pela morte súbita de mais de 320 mil pessoas todos os anos. Pensando em alertar e levar informações para o público leigo e para os profissionais sobre a doença, a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC) criou, em 2007, o Dia Nacional de Prevenção das Arritmias Cardíacas e Morte Súbita. Na data, que é comemorada anualmente no dia 12 de novembro, é realizada a campanha Coração na Batida Certa, em que ocorrem atividades de cunho educativo que abordam prevenção, diagnóstico e tratamento.
De acordo com a cardiologista eletrofisiologista do Instituto do Coração de Taguatinga (ICTCor), Dra. Carla Septimio Margalho, as arritmias cardíacas são consequências de uma alterações na formação ou na condução do impulso elétrico do coração, podendo provocar mudanças no batimento cardíaco.
“Quando isso acontece, a frequência cardíaca sofreria uma alteração, seja para mais, no caso da taquicardia, ou para menos, na bradicardia ou descompasso das batidas, ou seja, a perda do ritmo regular. Existem arritmias benignas e malignas, mas, ao perceber qualquer sintoma, o paciente deve procurar um médico para diagnosticá-lo e avaliar a necessidade ou não de um tratamento específico ou se será preciso apenas um seguimento clínico”, explica a especialista.
A frequência cardíaca normalmente varia entre 50 e 100 bpm (batidas por minuto) em repouso, sendo considerada acelerada estando acima de 100 e reduzida estando abaixo de 40. Existem casos, porém, em que há uma variação natural da quantidade de batimentos. “Durante exercícios físicos, a depender da intensidade, da idade do indivíduo e de seu treinamento cardiovascular, nossa frequência pode chegar a 150, 160 bpm, ou até acima desses valores. Já quando estamos dormindo, a frequência costuma ser mais baixa”, relata podendo ficar em torno de 60 bpm ou menos”, relata Dra. Carla.
Como identificar?
Arritmias cardíacas podem acometer todos os tipos de pessoas, sejam elas crianças, jovens, idosas, sedentárias ou esportistas. Logo, é importante ficar atento aos sintomas.
“Tonturas, fraqueza, desmaios, confusão mental, dor no peito, pressão baixa, palpitações e cansaços repentinos em repouso são alguns sinais de arritmia. Se o paciente estiver com estes sintomas, deve procurar um médico o mais rápido possível”, alerta Dr. José Sobral, eletrofisiologista do ICTCor. “Chegando no consultório, o procedimento é verificar histórico familiar e pedir alguns exames, como o eletrocardiograma, para identificar do que se trata e qual o melhor tratamento”, completa.
Ainda segundo Dr. Sobral, o risco de não tratar as arritmias é grande, já que, quando não identificadas e tratadas de forma correta, podem causar doenças no coração, paradas cardíacas e até morte súbita.
“É preciso tomar cuidado, porque a morte súbita acontece de forma rápida e instantânea. Ela ocorre quando há perda abrupta da função do músculo cardíaco e tem como sua principal causa as arritmias”, discorre.
Tratamentos
O tratamento vai variar de acordo com o caso e com o paciente em questão. A cardiologista eletrofisiologista do ICTCor, Dra. Edna Oliveira, conta que, há necessidade de investigação do tipo de arritmia e estratificação do risco para que se realize as orientações ou a instituição de uma terapêutica medicamentosa (a mais frequente). Em alguns casos poderá ser necessário também a indicação da abordagem invasiva da arritmia, com finalidade de eliminação dos circuitos responsáveis pela mesma, obtendo-se muito frequentemente ,a cura definitiva.
“Devemos destacar que por meio de uma avaliação com um arritmologista e um eletrofisiologista podem ser definidas outras condutas mais especificas, que vão desde de a indicação de implante de um monitor de eventos, até a indicação de marcapassos ou outros dispositivos implantáveis como ressincronizadores ou cardiodesfibiladores (CDI). A cada dia há incorporação de novas tecnologias que ampliam o leque terapêutico, bem como, há um acréscimo da disponibilidade de métodos diagnósticos que levam a uma melhoria da estratificação das arritmias, incluindo avaliação da herança genética”, explica a especialista.
Faz parte da prevenção do surgimento de arritmias o controle dos fatores de risco, sendo eles: tabagismo, obesidade, sedentarismo, HAS, diabetes, distúrbios do sono, consumo do álcool e de energéticos. Os bons hábitos como uma alimentação saudável e a rotina de exercícios físicos são essenciais. Entretanto, antes de começar uma atividade física é primordial contar com auxílio médico, recomenda a Dra. Edna, que ainda reforça:
“a saúde do corpo não é a única que pesa”. “Devemos também cuidar sempre da nossa saúde mental, evitando estresse ou ansiedade”, completa. Mesmo com todos estes cuidados, vale lembrar que visitas ao cardiologista são sempre bem-vindas, independente de his tórico familiar ou sintomas. Saúde em primeiro lugar, pois buscamos sempre a promoção da saúde e do bem-estar!