Sementes nos Parques…
A peça infantil aborda relação do homem com a natureza brincando com o imaginário de uma maneira especialmente poética
Quem é adulto hoje se lembra bem quando era criança e os mais velhos diziam: “se você engolir uma semente de fruta nascerá uma planta na sua barriga”. Essa e outras metáforas poéticas sobre a semente dão a tônica do espetáculo “Sementes” cumpre temporada até 30 de setembro em diversos parques do DF. As apresentações são gratuitas, sempre às 11h e aos domingos, para crianças a partir de quatro anos. A apresentação deste domingo (02) acontece no Parque Jequitibás, em Sobradinho.
Criadora do espetáculo, a atriz Caísa Tibúrcio explica que a relação com a natureza é fisiológica e constante na apresentação. “As sementes, as frutas, as flores compõem o mosaico natural e o ambiente lírico das cenas. O resultado desse mergulho nas memórias das histórias infantis foi essencial para a montagem, que discute questões ambientais de maneira bem poética”, revela.
A história fala sobre as possíveis sementes da vida, das organizações, dos desejos, dos sonhos, da arte. “A metáfora de plantar e cuidar de uma semente é explorada ao máximo. A personagem mostra que todos nós podemos ser terreno fértil para germinar desejos incríveis; podemos ser cuidadores de projetos, pessoas, encontros, sementes”, ressalta a atriz.
Projeto socioambiental
O “Sementes nos parques” acontece no período em que se comemora a Semana do Cerrado. Por isso, logo após as apresentações, as crianças experimentam uma vivência ambiental. Elas plantam sementes de jatobá (planta típica do bioma da região Centro-Oeste) – sem agrotóxicos e com alto percentual de germinação – num vaso que é totalmente biodegradável, que pode ser levado para casa.
“O projeto propõe uma vivência de educação ambiental com crianças e familiares sobre o ciclo de vida da semente, seu cultivo e o manejo da terra guiado com monitores e técnicos especializados”, informa Caísa Tibúrcio.
A preocupação com o meio ambiente está presente até no material de divulgação impresso, confeccionado também com papel biodegradável e com sementes incrustradas. Isso significa que o folder com toda a programação pode ser plantado e dar lugar a uma linda margarida ou a um pé de cenoura. Já a cartilha de educação ambiental será impressa em papel reciclado. Haverá também coleta de lixo e resíduos produzidos durante as apresentações e oficinas.
Evolução com o tempo
A partir da metáfora poética da semente, Caísa Tibúrcio criou um número de palhaça em 2014 e, com ele, participou da III edição do TPMs – Temporada Internacional de Palhaças no Mês da Mulher e do IV Encontro Internacional de Palhaças de Brasília, nesse mesmo ano.
Durante dois anos de brincadeira com as sementes, as explorações com esse tema ficaram cada vez mais íntimas e fortes ao mesmo tempo em que os desafios, a paixão e os aprendizados com a arte da palhaçaria foram crescendo. Até que, em 2016, a metáfora da semente foi ganhando proporções e significados maiores e o trabalho recebeu várias influências. Sementes nos parques
O filósofo Gaston Bachelard, a história e poesias do amigo e escritor Wilson Pereira, autor do livro infantil “Meu pé de poesia”, as metamorfoses naturais presentes na poesia de Manoel de Barros, a figura mítica Maira Jatobá; de Helena Oliveira, a música de Luiz Gonzaga, o conto “A maior flor do mundo”; do escritor português José Saramago, e a obra “Marcelo Marmelo Martelo”; de Ruth Rocha foram referências primordiais e contribuíram para a finalização do espetáculo.
“A construção de Sementes foi um processo criativo diferente, pois a maturação e criação das imagens poéticas foram elaboradas durante apresentações e movidas pelo desejo artístico de trabalhar com o feminino, com a figura da mulher camponesa ligada à terra e às ancestralidades culturais”, comenta Caísa. Segundo ela, durante as pesquisas, a percepção da força poética que há na metáfora da semente veio com a informação de que a agricultura começou por meio da mulher. “Quando a mulher/mãe percebeu que plantando sementes, o alimento dos filhos estaria garantido, que a vida poderia continuar”, completa a atriz.
Para organizar todas os novos sonhos e desejos poéticos, Caísa Tibúrcio chamou a artista Ana Flávia Garcia para, em conjunto, criarem a dramaturgia do espetáculo, o músico Lucas Tibúrcio para assinar a direção musical e o artista Roustang Carrilho para fazer a direção de arte.
Em 2016, Sementes fez temporada no Teatro Plínio Marcos – Funarte/ DF com apoio do edital Cena Aberta. Também integrou a Mostra Teatral da Feira do Livro de 2016, do Distrito Federal, Festibra (Festival de Teatro para a Infância) e Bienal Internacional do Livro. Participou ainda do Prêmio SESC de Teatro Candango de 2016, indicado a categoria de melhor espetáculo infantil, e foi selecionado para integrar o Festival Internacional Cena Contemporânea em agosto de 2017 e o Festival Palco Cerrado em 2018.
Sobre Caísa Tibúrcio
Caísa tem um vasto currículo. É bacharel e mestre em Artes Cênicas pela Universidade de Brasília. Fez curso técnico de canto, na Escola de Música de Brasília, e de pandeiro, percussão, flauta transversal e acordeom, na Escola de Choro de Brasília Rafael Rabello.
Como diretora teatral, realizou o “Concerto à céu aberto para solos de aves”, intervenção urbana inspirada na obra do poeta Manoel de Barros, laureado com o Prêmio FUNARTE, na categoria melhor montagem. Dirigiu ainda o “Presépio de Hilaridade Humanas”, que realizou circulação nacional pelo Palco Giratório/SESC, em 2000. Foi integrante do grupo de teatro “Esquadrão da Vida” de 2007 a 2010.
Atualmente é atriz de “Achadouros – Teatro para bebês e primeira infância”, ganhador do Prêmio SESC Brasília 2015 na categoria de melhor espetáculo infantil, com circulação por vários estados do Brasil. Recentemente, estreou como atriz na peça para adultos “CRIA”, dirigido por Ana Flávia Garcia. É também a palhaça Ananica em espetáculos como “Lorota de palhaças” e no solo “Sementes: quando o sonhadário germina”, de sua autoria e indicado para o Prêmio SESC de Teatro Candango como melhor espetáculo infantil, em 2016.
Sinopse:
Em um pedaço de terra seco no interior do mundo, uma mulher se encontra sozinha. Carrega em sua bagagem a simplicidade, o sonho e alguns poucos objetos “encantatórios”. De repente, coisas mágicas passam a acontecer. Será que ela está mesmo sozinha?
Das lembranças de menina, de quando a semente brotava do próprio ser, nasceu essa poesia. Vem do começo da vida, do sonho. O espetáculo é uma brincadeira que serve para experimentar o mundo sob o signo de uma semente, para ter a chance de cheirar as flores imaginadas, para dançar e ouvir a música dos canarinhos, para comer a fruta nascida dos devaneios da infância, para afirmar a liberdade do sonhadário.
Ficha técnica:
Atriz e Concepção: Caísa Tibúrcio
Dramaturgia: Caísa Tibúrcio e Ana Flavia Garcia
Direção Musical: Lucas Tibúrcio
Direção de Arte: Roustang Carrilho
Fotografia: Diego Bresani
Designer gráfico: Jana Ferreira
Divulgação: Agência Atelier
Produção: Caísa Tibúrcio e Kamala Ramers
Assistência de produção e operação de som: Dan Kuae e Diogo Silva
Oficina de educação ambiental: Daniela de Paula e Raissa Ribeiro
Produção Geral: Casulo Teatro e Dois de Ouro Produções
Sementes nos parques
Apresentação gratuita às 11h
Vivência Ambiental gratuita depois do espetáculo. A oficina com plantio é limitada a 30 vagas. Inscrições no local, por ordem de chegada, com distribuição senha a partir de 10h.
Programação:
02 de setembro – Parque Jequitibás (Sobradinho)
09 de setembro- Parque Olhos d’água (Asa Norte)
16 de setembro – Jardim Botânico de Brasília (Lago Sul)
23 de setembro- Parque da Cidade (Plano Piloto)
30 de setembro – Parque Saburo Onoyama (Taguatinga)
Mais informações: